quinta-feira, agosto 30, 2012

Um poema

Há para o escritor
um intermitente desassossego
as coisas pululam à sua frente
as palavras furacaneiam-no por dentro

Escrever é inevitável
é imperioso
um combate injusto
quanto mais o tempo avança

Sua vazão escrita
não depende dos metros cúbicos de palavras
ele não conta o quanto escreve
escreve o quanto escuta

E quando escreve poesia
se satisfaz com o domínio das palavras
mas anseia, pobre Demiurgo,
a dominar as imagens de seus sonhos

Este poema
é o que lhe falta

Perturbação

Por que só tua imagem
me perturba?

Por que tua feição
não se apaga em meus pensamentos?

Por que te vejo
tão lucidamente nesta distância?

Ainda é cedo para falar
em paixão ou amor.

Por hora
sigo perturbado,
mas não só.

Paraíso, 20-08-12

Humanidade errante

Pessoas perfeitas
não são humanas

quarta-feira, agosto 29, 2012

terça-feira, agosto 28, 2012

“Médico, cure a si mesmo”


Chegou hoje a meus ouvidos
a história de um jovem pastor
que cura enfermidades
e arranca o demônio do corpo das pessoas
com um sopro só,
mas na hora do aperto
leva a filhinha para fazer inalação
no pronto atendimento do convênio.

Desvios antro(?)pológicos


Vejo algumas pessoas levantarem a bandeira da diversidade,
mas o curioso é que muitas delas manifestam o comportamento
de respeitar só à diversidade da qual elas fazem parte.

Vida (im)pública


Políticos que têm histórico de não respeitar a alguns,
mantêm o padrão de não respeitarem a qualquer um.

quarta-feira, agosto 22, 2012

Amar é surpreender-se


           Se considerarmos que estamos sempre em processo de mudanças e transformações, como responder à questão: a quem eu amo quando amo a alguém?
            No início de muitos relacionamentos, a paixão é uma marca registrada e explícita em muitos casais. E, conforme a fase vivida por ambos, a paixão se manifesta em graus diferenciados. Os mais jovens podem ser mais explosivos e dinâmicos, amor à flor da pele. Os mais maduros, talvez pelas experiências já vividas, manifestam um amor mais comedido e cauteloso, mas é indubitável reconhecê-los quando apaixonados.
            Com o passar do tempo, as pessoas amadurecem, ou naturalmente ou forçosamente, por causa das experiências vividas a dois. A paixão se transforma em amor e o amor se transforma em oblação, entrega total. Assim percebemos que nós também mudamos. Amadurecemos enquanto indivíduos, amadurecemos nossa forma de amar. A partir da primeira manhã de núpcias, vamos descobrindo uma novidade a mais em nossa cara metade. E, depois de uma vida a dois, podemos descobrir que a pessoa por quem nos apaixonamos não é exatamente a pessoa a quem amamos.
            É aí que podemos descobrir que, na realidade, não amamos a alguém, mas à surpresa que esta pessoa pode nos oferecer a cada dia.

terça-feira, agosto 14, 2012

Cada guerra

Cada guerra consigo enterra uma lógica de funcionamento Com a arma mais potente vem a verdade mais forte Cada morte é uma moeda com dois lad...