sexta-feira, maio 29, 2015

Flor de pedra



Flores nos arredores
nos jardins 
nos corredores

Flores nas janelas
nos gazebos 
nas gamelas

Flores nos canteiros
nos alpendres
nos terreiros

Flores dos senhores
flores às senhoras
flores de amores,
imortalizadas!
Flores de pedra

segunda-feira, maio 25, 2015

No calor do som



Acende a fogueira do som
bota fogo no tambor

Afina a fibra da nota
aquece a canção de louvor

Canta o fogo na roda
tamboreja os pés da coreira

Enfeite banal

 


Saudade da água salgada
outrora pressão e acalento

Hoje enfeite banal
na parede do quintal

A caixa do segredo



Um segredo se tranca por medo
um segredo se esconde bem longe

Um segredo se guarda trancado
um segredo não se fala por nada

Mas tudo que tem segredo
só um segredo se sabe

Já não é mais segredo
para quem tem a chave

Presente para o mar



Quando o mar surgiu na terra
fez-se não pouco alvoroço

A montanha estremeceu
rolou rocha igual caroço

A árvore sacudiu
mandou folhas pelo ar

O vento sibilou forte
levando-as para o mar

Neste pedaço aqui de Minas
onde as águas vêm do céu

Meu presente é esta rima
no meu mar de mataréu

Solidão de caçador



À tarde o peixe sobra
sobe à tona a passear

A fome ronda o tempo todo
rondo à margem a te esperar

E se não vens, desgraça pouca
vai-se a garça sem paciência e rouca

Eu, pelo contrário, ainda fico
olhos abertos, aberto bico

Blocos

 


Um bloco loco
outro bloco foco

Um bloco invoco
outro bloco provoco

Um bloco retoco
outro bloco desloco

E na sucessão do oco
bloco a bloco é pouco

Quero mais
blocos loucos

A sedução das fibras



Por um momento de tato
por um segundo de visão

Capturado pelas tuas sobras
inconformado com as tuas dobras

Poderia seguir meu caminho
mas me detive na observação

Do retorno aos teus contornos
sigo imaginando adornos

E meu pensamento vagueia só
contigo na imaginação

Azulejo



Cisco e rabisco
trova e prova
arabesco e refresco
lampejo e azulejo

Na parede a rede
no muro o enduro
da escada à fachada
do pátio ao átrio

O azulejo que vejo
é um recorte de sorte
um aceno ameno
e uma arte à parte

Pés no chão



Frágil, é fato
mas não há escolha
há marcas no caminho,
no mapa do caminhante
ferida e bolha
e um destino que se alcança

Tramas das linhas



Nas curvas do pano
nas voltas do tecido
no eixo da agulha
no molejo da linha

Uma costura,
um remendo
uma obra
um rebento

De janelas e amores



Trouxe de presente
uma janela que não se tranca
um beijo que não termina 
uma vontade que não se desfaz
e um nome que é só teu

Abraço



Por um laço mais estreito
por um peito mais aberto
de um jeito insuspeito
de um modo mais direto

Eu abraço
o braço abraça
abraça o braço
a gente se abraça

Às sombras



Nem o vento ou a densidade do mar
nem o peso da montanha ou a lonjura da nuvem

Entre mundos
entre rumos
entre sonhos
entre segredos

Presente ou ausente
sem tom de reprova
acalentando a superfície dormente
adereçando-lhe a cova

O grito



Extenuado
desesperante
atormentado
beligerante

À moda
à turba
à roda
à curva

De dor
de prazer
de horror
de saber

Mansão dos mortos



Sozinho na sombra do abrigo
Protegido no esquecimento da solidão
Amparado pelo conforto do silêncio
Residente no aconchego da mansão

Não há portas ou janelas
à complacente visitação

Regularidade



Regularidade
remendaridade
reformaridade

Repetição da régua, da norma
Repetição do remendo, do intento
Repetição da reforma, da forma

Repetição
Regulação
Repeticidade
Regularidade

domingo, maio 24, 2015

Love fever

You won't kiss my lips again
now I recovered from a disaster
there's no drop of this rain
pulling my heart further and faster

I'm saved from your tricks
I'm cured of your spelling
you're a wall with no bricks
you're a past without smelling

Paraíso, 16-05-15

I'm not the same

I named a wind after your name
Wishing you fly away forever
Even I know you can fly back

In a way to curse me and blame
You won't find someone worse or better
You will be up to check

I'm not the same

Paraíso, 16-05-15

Cada guerra

Cada guerra consigo enterra uma lógica de funcionamento Com a arma mais potente vem a verdade mais forte Cada morte é uma moeda com dois lad...