terá um efeito repetido
os pobres mais puídos
ganharão alto na cotação
o capital sai aquecido
cifrões contabilizados
esse monstro que nos lambe a certeza
quem mais tem, menos pia
Adriano Lima
Estoura
hoje uma rebelião andada em curso
não
provaremos dessa carne pútrida
que teus
restos agora sem vida
encontrem
outra maneira de voltar ao pó
Pergunta
aos astros o caminho
sonda
teus autores o método
implora
preces aos seguidores
teoriza
outra retórica de destruição
O
canalha que foste em vida
o pulha
que não te negaste ser
o
charlatão da escritura peçonhenta
o
sofista certificado por inépcia
Encontra
agora uma receita
descobre
outro conselho
de como
definhar tuas carnes
na
solidão do pós-vida
Não te
serão úteis teus comparsas
não te
acorrerão as gentes tolas
não te
farão culto teus crentes
sequer
te erguerão uma estátua de sal
Não
provaremos tua carne chula
abandonada
sob uns palmos de terra
só tua
mentira acompanhará tua amargura
enquanto colhes teus frutos de guerra
Você já se perguntou: – O que vem antes do primeiro passo?
Existir tem lá a sua
medida
de arte e fazer
Já faz um tempo que havia pensado escrever sobre o logo Arte et Facto. Arte e fazer eram palavras dançando a música do pensamento meu na época que tive vontade de criar uma marca que pudesse acompanhar meu trabalho. O fazer arte e a conexão com a filosofia eram os critérios para delimitar o processo criativo no momento. Estava unindo gosto e formação acadêmica. E pra compensar um pouco mais o gosto, acabei escolhendo arte et facto em latim para descompor o termo artefato, sem me preocupar com definições etimológicas mais profundas. Tinha clareza que se tratava de dois modos de fazer, um de arte e outro o fazer propriamente dito.
Para a criação da imagem do logo, a escolha foi espelhar a letra phi minúscula do alfabeto grego, com a qual se escreve filosofia. A escolha do espelho foi motivada pela ideia do olhar que se debruça para ver o mundo. Olhar no espelho é deparar-se com o reflexo. Não é um si mesmo, mas já um outro inverso. Nosso olhar nos retorna um mundo que já passou por uma inversão. O reflexo converge, diverge, torce, distorce e contorce.
Estar no mundo e
pensar o mundo,
pela arte e pelo
fato. Um existir e um fazer.
o fato é o que se coloca diante de nós
a arte é o que elaboramos desta experiência
a doxa e a hipótese são frutos de
individualidade
quando coincidem com outras, consensos de
verdade,
o que dizemos que é, já é captado invertido
pelos olhos
impõe a tarefa compreensão
o fato, o apreendemos assim torto, desviado,
a arte, é este labor de comunicação
o fato é um presente do universo das coisas,
desse cosmo-mundo que agarramos contra o
tempo
a arte é um agradecimento,
nosso jeito humano de manifestar criação
o fato é o que se coloca diante de nós
a arte é o que elaboramos desta experiência
experiência é abrir os olhos, ver a extensão,
cores e formas
experiência é abrir o nariz, respirar os
cheiros, odores e prenúncios de sabores
experiência é abrir a boca, provar o gosto, degustar
texturas e julgar combinações
experiência é abrir as mãos, tocar a pele das
coisas, sentir o peso da matéria e transportar acidentes ônticos
experiência é abrir os ouvidos, escutar
rebentos sonoros, apreciar timbres, fonemas e reconhecer o silêncio nas
entrefalas
experiência é o que sobra, dos sentidos, no
pensamento
é o que nos cobra a imaginação a cada momento que a consciência nos lembra estarmos vivos
Todo esse fogo alastrado terá um efeito repetido Deixará os ricos mais podres os pobres mais puídos Pagaremos caro no mercado ganharão a...