É o aperto da corda
que dá os pinote pro cavalo
sábado, dezembro 15, 2012
terça-feira, dezembro 04, 2012
Soc(p)iedade des(ar)rumada
Que mais podemos esperar de uma sociedade
cujos palhaços se dobram no picadeiro
para desculparem-se da piada feita?
cujos palhaços se dobram no picadeiro
para desculparem-se da piada feita?
Discurso des-objetivado (?)
O fato e o palhaço
fez-se estardalhaço
mas o palhaço de couro cindido
volta a público pedindo ser remitido
fez-se estardalhaço
mas o palhaço de couro cindido
volta a público pedindo ser remitido
domingo, novembro 25, 2012
terça-feira, novembro 13, 2012
Análise psicoapológica
Que seria do artista sem uma boa angústia, sem algo que lhe fira a alma para recordar-lhe o paradoxo da natureza: pra-ser-para-a-morte?
Dionísio das intempéries!
Apolo dos fracos!
Bacos reaproveitados dos espólios de guerra!
Afrodites perdidas nas noites de abandono, amantes covardes!
Báculos, loucos Bacos, envergados pelo peso da púrpura de sua devassidão!
Todos fontes puras e pútridas, das quais os artistas, estes alquimistas dos sentidos, fingem, infringem novas estéticas, pragas e pragmas dos acadêmicos sem sonhos, sem chão.
Na arte, os artistas recriam a própria vida, não a vida de si mesmos, mas a vida universal. É por isto que seus labirintos são planos, longos e largos, estudo em vermelho ou preto profundo, sombra sobre luz, desertos áridos e infinitos.
Não há imitatio rei naturae, mas uma relatio demiurgicus felaetitiae. É por isso que, na vida, os artistas cavam um nível acima do chão e voam no âmago da terra. Não têm cinco sentidos, mas um sentido só: o todo. E se piscam, é uma premência natural para mudar de ponto de vista.
Não lhes interessa ser entendidos, embora se deleitem com os aplausos. Mas isto se dá somente porque são adictos à ambiguidade. Basta-lhes saber que são o que são ou aos olhos de um só, ou às palmas de muitos. E se se curvam em reverência é para dar um aceno de imortalidade, apenas para não matar de inveja os deuses, espectadores de primeira fila.
Os artistas não apreciam os adjetivos da loucura, mas se os aceitam, é somente para dar a ilusão de diálogo com seus admiradores espartanos. Para aqueles, estes são uma ocasião a mais de inspiração, pois ânsia e ignorância são os estados livres de uma mente, cuja imaginação segue adormecida na noite comum.
E muito embora se mostrem humanos como os outros, não os são outros, mas somente os homens e mulheres que são, pois seu ofício os unifica, a ponto de serem muitos em um só. É por isso que para eles não há espelho. O que os orienta é o reflexo nos olhos de seus espectadores, as palavras de seus ouvintes, o pedido de seus amantes.
Os artistas, isolados num mostrar-se contínuo, precisam equilibrar-se entre os tempos de caverna e aparição. Mesmo que dissimulem criar às vistas públicas, sua arte lhes pede criar em solidão. E é este o motivo de muito terapeuta querer curar o artista de sua depressão. Não há depressão no artista, porque ele é em algo parecido a uma substância que, ora social, ora antissocial, mas sempre o substrato a partir do qual o nada ganha sentido, assim como um estado qualquer ganha massa.
Artista se angustia.
Artista, se angustia, cria.
Este é o paradoxo de sua natureza: pra-ser-para-a-morte.
Dionísio das intempéries!
Apolo dos fracos!
Bacos reaproveitados dos espólios de guerra!
Afrodites perdidas nas noites de abandono, amantes covardes!
Báculos, loucos Bacos, envergados pelo peso da púrpura de sua devassidão!
Todos fontes puras e pútridas, das quais os artistas, estes alquimistas dos sentidos, fingem, infringem novas estéticas, pragas e pragmas dos acadêmicos sem sonhos, sem chão.
Na arte, os artistas recriam a própria vida, não a vida de si mesmos, mas a vida universal. É por isto que seus labirintos são planos, longos e largos, estudo em vermelho ou preto profundo, sombra sobre luz, desertos áridos e infinitos.
Não há imitatio rei naturae, mas uma relatio demiurgicus felaetitiae. É por isso que, na vida, os artistas cavam um nível acima do chão e voam no âmago da terra. Não têm cinco sentidos, mas um sentido só: o todo. E se piscam, é uma premência natural para mudar de ponto de vista.
Não lhes interessa ser entendidos, embora se deleitem com os aplausos. Mas isto se dá somente porque são adictos à ambiguidade. Basta-lhes saber que são o que são ou aos olhos de um só, ou às palmas de muitos. E se se curvam em reverência é para dar um aceno de imortalidade, apenas para não matar de inveja os deuses, espectadores de primeira fila.
Os artistas não apreciam os adjetivos da loucura, mas se os aceitam, é somente para dar a ilusão de diálogo com seus admiradores espartanos. Para aqueles, estes são uma ocasião a mais de inspiração, pois ânsia e ignorância são os estados livres de uma mente, cuja imaginação segue adormecida na noite comum.
E muito embora se mostrem humanos como os outros, não os são outros, mas somente os homens e mulheres que são, pois seu ofício os unifica, a ponto de serem muitos em um só. É por isso que para eles não há espelho. O que os orienta é o reflexo nos olhos de seus espectadores, as palavras de seus ouvintes, o pedido de seus amantes.
Os artistas, isolados num mostrar-se contínuo, precisam equilibrar-se entre os tempos de caverna e aparição. Mesmo que dissimulem criar às vistas públicas, sua arte lhes pede criar em solidão. E é este o motivo de muito terapeuta querer curar o artista de sua depressão. Não há depressão no artista, porque ele é em algo parecido a uma substância que, ora social, ora antissocial, mas sempre o substrato a partir do qual o nada ganha sentido, assim como um estado qualquer ganha massa.
Artista se angustia.
Artista, se angustia, cria.
Este é o paradoxo de sua natureza: pra-ser-para-a-morte.
domingo, novembro 11, 2012
Limites da ciência
"Matem o meteorologista
Pode chegar o dia em que os responsáveis por previsões do tempo respondam pelos erros, como os cientistas italianos dos terremotos - 04 de novembro de 2012 | 2h 09"
Se uma criança, adolescente ou um jovem se torna um marginal, posso punir os pais por não perceberem e não avisarem as autoridades sobre esta iminente ameaça social?
Até onde os limites do nosso conhecimento podem estar misturados ao erro ou à negligência?
sexta-feira, outubro 26, 2012
Pela via torta
A repórter perguntou sobre o tema tráfico humano e a escritora respondeu que o Brasil EXPORTA muitas pessoas para este tráfico e ela, G. Perez, achava que era hora de dar um alerta sobre o tema.
Exportamos?
As pessoas, vítimas do tráfico, são exportadas de livre vontade?
Elas são um produto que rende royalties ao país?
O que o país ou quem ganha com esta exportação?
Trata-se de uma comercialização bilateral, pelo menos?
Com a fala da escritora, até entendemos a mensagem, ou parte dela, sobre o tráfico humano, mas pela via torta.
Imagem disponível em: http://www.tvcaiua.com.br/ExibeNoticia.aspx?Not=Tratar%20uma%20pessoa%20como%20mercadoria%20%C3%A9%20a%20forma%20mais%20grave%20de%20agredir%20sua%20dignidade&NotID=25106
quinta-feira, outubro 25, 2012
In circus omnes sumus
No circo desta vida,
cada um faz a graça que pode
para manter-se no picadeiro.
cada um faz a graça que pode
para manter-se no picadeiro.
Dolor (r)es
A natureza é severa
e sempre a mesma.
O menor sofrimento
vem das expectativas
que criamos sobre ela.
e sempre a mesma.
O menor sofrimento
vem das expectativas
que criamos sobre ela.
segunda-feira, outubro 15, 2012
Metafísica das incertezas
Se até a física agora trabalha com um princípio de incerteza,
por que as metafísicas preconizam as certezas de tudo?
por que as metafísicas preconizam as certezas de tudo?
segunda-feira, outubro 01, 2012
Regra de ouro
Se ainda não lhe dirigi minha crítica
é talvez porque você (ou eu) seja perfeito de mais para recebê-la
ou talvez porque você (ou eu) seja imperfeito de mais para assimilá-la
ou talvez porque você (e eu) deva me tratar como lhe trato
é talvez porque você (ou eu) seja perfeito de mais para recebê-la
ou talvez porque você (ou eu) seja imperfeito de mais para assimilá-la
ou talvez porque você (e eu) deva me tratar como lhe trato
quarta-feira, setembro 26, 2012
Feras aladas
Roubou a comida de seu semelhante como se tomasse o que sempre havia sido seu.
Propriedade pré privada. Demarcações de território. Quem pode mais.
Relegado à falta, o outro foi à busca de outro banquete. Desta vez, à mostra, todos os dentes que nunca teve no bico.
Defenderia sua ervilha, ou seu elefante.
Fome e ferocidade transformam pardais em feras.
E elas riscam o vento
25-09-12
Propriedade pré privada. Demarcações de território. Quem pode mais.
Relegado à falta, o outro foi à busca de outro banquete. Desta vez, à mostra, todos os dentes que nunca teve no bico.
Defenderia sua ervilha, ou seu elefante.
Fome e ferocidade transformam pardais em feras.
E elas riscam o vento
25-09-12
O pedinte
Era dotado de uma coragem grande para pedir as coisas.
Mesmo com uma boca não tão hábil em muitos sorrisos, este parecia seu argumento maior.
Desconhecia a fome. Conhecia situações como fartura ou carestia. Fome seria mostra de crença e desespero de que a comida pudesse não vir mais.
De um extremo ao outro, a técnica se resumia no olhar profundo, um esboço de sorriso e um rabo balançante.
25-09-12
Mesmo com uma boca não tão hábil em muitos sorrisos, este parecia seu argumento maior.
Desconhecia a fome. Conhecia situações como fartura ou carestia. Fome seria mostra de crença e desespero de que a comida pudesse não vir mais.
De um extremo ao outro, a técnica se resumia no olhar profundo, um esboço de sorriso e um rabo balançante.
25-09-12
Só na multidão
Foi atravessar a rua desavisadamente. De todos os lados, carro algum.
Sentiu-se só.
Havia muitas faixas pelo chão, mas não eram confiáveis, nem companheiras.
Atravessou a rua prevendo um lampejo de felicidade por chegar ao outro lado.
Olhou para trás, havia esquecido a si mesmo no cruzamento anterior.
Só na multidão essas coisas acontecem.
25-09-12
Sentiu-se só.
Havia muitas faixas pelo chão, mas não eram confiáveis, nem companheiras.
Atravessou a rua prevendo um lampejo de felicidade por chegar ao outro lado.
Olhou para trás, havia esquecido a si mesmo no cruzamento anterior.
Só na multidão essas coisas acontecem.
25-09-12
Mal virtual
O virtual me controla e me engana,
achando que eu não sei disso.
O consentimento
nos levará
para o inferno.
achando que eu não sei disso.
O consentimento
nos levará
para o inferno.
domingo, setembro 16, 2012
sexta-feira, setembro 14, 2012
segunda-feira, setembro 10, 2012
Breve funeral
Olhos entreabertos, a boca ensaiando um pedido.
Ninguém mais sabia o que lhe oferecer, não fossem os sucessivos arrepios que se faziam porta-vozes de seus desejos.
Cercado pela prole, catatônica, estrebuchou-se num último suspiro.
E, num gesto de adeus, os calangos todos deram-lhe as costas e, agora serelepes, seguiram seu caminho.
Ninguém mais sabia o que lhe oferecer, não fossem os sucessivos arrepios que se faziam porta-vozes de seus desejos.
Cercado pela prole, catatônica, estrebuchou-se num último suspiro.
E, num gesto de adeus, os calangos todos deram-lhe as costas e, agora serelepes, seguiram seu caminho.
quinta-feira, setembro 06, 2012
Política à moda antiga
Viramos a esquina. Ele nem sequer nos viu mas, em campanha que estava, o bom e velho ladrão acenou para nós.
Estava entretido com outras falácias, havia outros passeantes na calçada, de quem ele tentava arrancar confiança.
Trajava roupa engomada e, por máscara, levava somente óculos de sol.
Essas foram as antagonias do meio daquela tarde: o político estava à sombra, e acenava do alto de seu descompromisso.
É fácil predizer seu nenhum compromisso com os votantes.
Estava entretido com outras falácias, havia outros passeantes na calçada, de quem ele tentava arrancar confiança.
Trajava roupa engomada e, por máscara, levava somente óculos de sol.
Essas foram as antagonias do meio daquela tarde: o político estava à sombra, e acenava do alto de seu descompromisso.
É fácil predizer seu nenhum compromisso com os votantes.
sábado, setembro 01, 2012
"Se esta rua fosse minha"
Vinha com uma felicidade maltrajada, uma alegria desvestida de dar gosto.
Apoderou-se da rua. Sentou-se à calçada e, na largueza do meio-fio, dispôs seus apetrechos.
Não havia passante despercebido àquele circo. Mas todos andavam em pernas mudas.
E, no auge daquela espetacularia, a menina lambuzada de doces proferiu a sentença:
___ Quer um doce, tio?
Apoderou-se da rua. Sentou-se à calçada e, na largueza do meio-fio, dispôs seus apetrechos.
Não havia passante despercebido àquele circo. Mas todos andavam em pernas mudas.
E, no auge daquela espetacularia, a menina lambuzada de doces proferiu a sentença:
___ Quer um doce, tio?
quinta-feira, agosto 30, 2012
Um poema
Há para o escritor
um intermitente desassossego
as coisas pululam à sua frente
as palavras furacaneiam-no por dentro
Escrever é inevitável
é imperioso
um combate injusto
quanto mais o tempo avança
Sua vazão escrita
não depende dos metros cúbicos de palavras
ele não conta o quanto escreve
escreve o quanto escuta
E quando escreve poesia
se satisfaz com o domínio das palavras
mas anseia, pobre Demiurgo,
a dominar as imagens de seus sonhos
Este poema
é o que lhe falta
um intermitente desassossego
as coisas pululam à sua frente
as palavras furacaneiam-no por dentro
Escrever é inevitável
é imperioso
um combate injusto
quanto mais o tempo avança
Sua vazão escrita
não depende dos metros cúbicos de palavras
ele não conta o quanto escreve
escreve o quanto escuta
E quando escreve poesia
se satisfaz com o domínio das palavras
mas anseia, pobre Demiurgo,
a dominar as imagens de seus sonhos
Este poema
é o que lhe falta
Perturbação
Por que só tua imagem
me perturba?
Por que tua feição
não se apaga em meus pensamentos?
Por que te vejo
tão lucidamente nesta distância?
Ainda é cedo para falar
em paixão ou amor.
Por hora
sigo perturbado,
mas não só.
Paraíso, 20-08-12
me perturba?
Por que tua feição
não se apaga em meus pensamentos?
Por que te vejo
tão lucidamente nesta distância?
Ainda é cedo para falar
em paixão ou amor.
Por hora
sigo perturbado,
mas não só.
Paraíso, 20-08-12
quarta-feira, agosto 29, 2012
terça-feira, agosto 28, 2012
“Médico, cure a si mesmo”
Chegou hoje a meus ouvidos
a história de um jovem pastor
que cura enfermidades
e arranca o demônio do corpo das
pessoas
com um sopro só,
mas na hora do aperto
leva a filhinha para fazer
inalação
no pronto atendimento do
convênio.
Desvios antro(?)pológicos
Vejo algumas pessoas levantarem a
bandeira da diversidade,
mas o curioso é que muitas delas
manifestam o comportamento
de respeitar só à diversidade da
qual elas fazem parte.
Vida (im)pública
Políticos que têm histórico de
não respeitar a alguns,
mantêm o padrão de não
respeitarem a qualquer um.
quarta-feira, agosto 22, 2012
Amar é surpreender-se
Se
considerarmos que estamos sempre em processo de mudanças e transformações, como
responder à questão: a quem eu amo quando amo a alguém?
No
início de muitos relacionamentos, a paixão é uma marca registrada e explícita
em muitos casais. E, conforme a fase vivida por ambos, a paixão se manifesta em
graus diferenciados. Os mais jovens podem ser mais explosivos e dinâmicos, amor
à flor da pele. Os mais maduros, talvez pelas experiências já vividas,
manifestam um amor mais comedido e cauteloso, mas é indubitável reconhecê-los
quando apaixonados.
Com
o passar do tempo, as pessoas amadurecem, ou naturalmente ou forçosamente, por
causa das experiências vividas a dois. A paixão se transforma em amor e o amor
se transforma em oblação, entrega total. Assim percebemos que nós também
mudamos. Amadurecemos enquanto indivíduos, amadurecemos nossa forma de amar. A
partir da primeira manhã de núpcias, vamos descobrindo uma novidade a mais em
nossa cara metade. E, depois de uma vida a dois, podemos descobrir que a pessoa
por quem nos apaixonamos não é exatamente a pessoa a quem amamos.
É
aí que podemos descobrir que, na realidade, não amamos a alguém, mas à surpresa
que esta pessoa pode nos oferecer a cada dia.
terça-feira, agosto 14, 2012
domingo, julho 29, 2012
Amor sentido ou À beira do abandono
Sente esta dor de ser amado
sente
feito um cão raivoso
ansiando morder o mais próximo
o mais desavisado
Sente o desconforto da solidão
e a indiferença do encontro não apaixonante
sente
que o que te resta
é mesmo o que te sobra
o que ninguém mais quis
o desescolhido dos sentimentos humanos
Sente que teu vigor se esvai
e reza que o próximo sono seja o último
para que acordes
sem já sentir mais
domingo, julho 15, 2012
Sorte, azar ou acaso?
A verdade é mais manipulável
que a mentira.
Os mais sábios
são os melhores mentirosos.
que a mentira.
Os mais sábios
são os melhores mentirosos.
sexta-feira, julho 13, 2012
segunda-feira, julho 09, 2012
segunda-feira, junho 25, 2012
terça-feira, junho 19, 2012
Mineiro duas vezes
Dizem do caboclo ensimesmado
que seu olhar meio calado
não é muita presunção
Se mais escuta do que fala
olha mais do que se alcança ver
está ressabiado
E se é próprio do mineiro
assim desconfiar,
sou mineiro duas vezes
que seu olhar meio calado
não é muita presunção
Se mais escuta do que fala
olha mais do que se alcança ver
está ressabiado
E se é próprio do mineiro
assim desconfiar,
sou mineiro duas vezes
domingo, junho 17, 2012
Análises rápidas II
Normal
é rir na alegria
chorar na tristeza
O mais
ou é teatro
ou desencontros neuroquímicos
é rir na alegria
chorar na tristeza
O mais
ou é teatro
ou desencontros neuroquímicos
Análises rápidas I
Pessoas organizadas
são obsessivas (?)
pessoas desorganizadas
são desobsessivas (?)
são obsessivas (?)
pessoas desorganizadas
são desobsessivas (?)
Viva a redundância
Embora
às vezes eu relute em acreditar em milagres,
as surpresas parecem sempre redundantes,
surpreendentes!
as surpresas parecem sempre redundantes,
surpreendentes!
terça-feira, junho 12, 2012
O Galo Socorro*
Foi numa tarde de chuva, dessas
que a gente não se anima a sair de casa. Não tinha vento uivante, nem mesmo
trovoadas estourando no céu.
Socorro gritava, como se fosse com
seu último fôlego: pedia aos céus que Lua Cheia não fosse para a panela.
...
Era uma vez um galo. Até então um
galo qualquer, sem nome, desses que se vê por aí, perambulando desconfiado e
atento ao que se passa dos dois lados de seu bico. Morava num galinheiro de
portas abertas. Tinha um teto para se proteger da chuva, e tinha um grande
quintal para vagar livremente.
Levava tranquila sua vida de galo
moço, não era frangote. Era já galo feito, mas ainda não era o maioral. No
galinheiro onde morava, outro galo fazia as honras que manda a natureza. O galo
moço cantava, mas era o segundo da fila do dia. Batia as asas junto com o galo
do pedaço, mas ficava mudo diante do canto que despertava as bandas da
vizinhança.
Certo dia, um agito rondava o
galinheiro. Todas as galinhas cacarejavam afobadas, frenéticas, volteando o
pescoço para todos os lados. Alguma coisa no ar não cheirava bem. As galinhas
mais experientes amontoavam os pintainhos ao redor de si. As mais jovens, mesmo
alvoroçadas, ciscavam aqui e ali, desnorteadas como sempre.
Vieram os donos do galinheiro,
mas alheios ao frenesi das aves, jogaram o milho pelo chão, conferiram a água
do galinheiro e voltaram aos seus afazeres do dia. Houve um alvoroço só, um
misto de satisfação e desconfiança. Por alguns instantes era hora de festa.
Mas, acabado o milho, o medo e agitação do desassossego voltaram. Foi assim pelo
resto do dia.
Ao anoitecer, como acontecia
sempre, cada um procurava o poleiro ou uma laranjeira onde passar a noite. Era
uma noite enluarada de lua cheia. Mas aquele anoitecer não era o mesmo: um
vulto preto se aproximava lentamente, sorrateiro pelo chão. Era o Gato
Desespero, um intruso da vizinhança. Passara o dia no muro, ora dormindo, ora
espreitando as galinhas, como se elas desfilassem para ele numa passarela.
De súbito, o Gato Desespero
avança em disparada na direção de uma das galinhas. Começa uma gritaria só. O
galo moço, num ímpeto que a natureza raramente brinda às aves, avança sobre o
Gato Desespero e, com suas esporas não de todo pontiagudas, despacha o invasor com
uma saraivada de bicadas e esporadas, para a sorte daquela galinha, prestes a ser
abocanhada.
O alvoroço se desfaz. Mas o galo
moço não será mais o mesmo. As outras galinhas do galinheiro se aproximam e
começam a chamá-lo de Socorro, Galo Socorro, e à galinha salva por ele de
Galinha Sorte Grande. Mas o herói da noite lha dá outro nome: Galinha Lua
Cheia, pois não menos cheio que a lua daquela noite, estava seu coração diante
de sua donzela salva do perigo.
Na madrugada do dia seguinte, uma
nova rotina estava por começar no galinheiro: o Galo Socorro, agora, passa a cantar
de galo. Ele já estava bem treinado neste ofício natural. Mas nesta manhã
nascente, do alto do telhado do galinheiro, ele tinha os olhos fitos no
horizonte, que se despedia da escuridão da noite, e na Galinha Lua Cheia, que
lhe dava as boas-vindas ao seu coração.
Socorro e Lua Cheia começavam sua
história de amor. Eram o mais novo casal do galinheiro. Tinham tudo para seguir
felizes um ao lado do outro. Nem mesmo o Gato Desespero se atreveria a
perturbar, no galinheiro, a paz das aves.
Mas outra tragédia estava por
acontecer. Num dia frio, desses que amanhecem sob neblina, o Galo Socorro mal
podia imaginar que seria seu canto a chave para abrir aquele dia de desgraça.
Mal sabia ele que o dia estava perfeito para uma canja. O nevoeiro da manhã foi
cedendo lugar à luz do sol, mas o frio era maior. E como se só isso não
bastasse, a tarde foi mostrando algumas nuvens se amontoando no céu, como se
fossem as galinhas mais velhas do galinheiro, amontoando-se para se aquecer
mais. Mas as nuvens do céu se uniam por outro motivo.
E foi nesta tarde de chuva,
dessas que a gente não se anima a sair de casa, que tudo aconteceu. Não tinha
vento uivante, nem mesmo trovoadas estourando no céu. Os donos do galinheiro
vieram. Traziam um punhado de milho nas mãos. E, pela ordem da natureza, a fome
vencia o frio. As galinhas, que estavam amontoadas, partiram em disparada na
direção daquela refeição fora de hora.
Foi então que Socorro viu Lua
Cheia ser apanhada de surpresa. Não restava dúvida: ela seria a canja daquela
noite. Socorro gritou, como se fosse com seu último fôlego: pediu aos céus que
Lua Cheia não fosse para a panela. Investiu contra aqueles gigantes, mas suas
esporas e bicadas não fizeram o mesmo efeito de outrora. Socorro lutou contra a
morte de Lua Cheia, com unhas e dentes, poderíamos dizer... mas foi em vão.
A chuva fria daquele entardecer
descarrega as nuvens do céu sobre a cabeça de Socorro. Lá em cima, o céu se
abre para dar visão à noite enluarada que se aproxima. Mas o céu enluarado
daquela noite se fecha sobre Socorro. Ele passa a noite toda cantando para a
lua. Nenhuma galinha do galinheiro, nem mesmo os assassinos de sua amada, se
atrevem a calar o seu grito. Tudo se cala.
Na manhã seguinte, Socorro não
está sobre o telhado. Está acuado num canto do galinheiro. Não houve canto
matinal. Uma outra rotina estava por começar: o Galo Socorro nunca mais
cantaria nas manhãs do dia.
E ainda hoje, nas noites de lua
cheia, ele canta com olhos voltados para os céus: pede que Lua Cheia não mingue
em seu coração.
Adriano Lima
São Sebastião do Paraíso, 07 de novembro de 2009
*Texto base usado para a criação do musical "Lua Cheia - O Galo Socorro" - Adriano Lima e Tullio Costa
*Texto base usado para a criação do musical "Lua Cheia - O Galo Socorro" - Adriano Lima e Tullio Costa
sábado, junho 02, 2012
Entre (muitos) sentidos
O amor
é uma palavra polissêmica,
de sinônimos imperfeitos
e antônimos auto-referentes.
é uma palavra polissêmica,
de sinônimos imperfeitos
e antônimos auto-referentes.
terça-feira, maio 29, 2012
sexta-feira, abril 13, 2012
Quem é você?
É prazeiroso viver
com a dúvida do outro
Mas é torturoso viver
com a dúvida sobre o outro
com a dúvida do outro
Mas é torturoso viver
com a dúvida sobre o outro
terça-feira, abril 10, 2012
segunda-feira, março 26, 2012
segunda-feira, março 05, 2012
Meandros (dos) sentidos
É próprio que piadas e metáforas
não sejam explicadas,
mesmo parecendo
ininteligíveis.
não sejam explicadas,
mesmo parecendo
ininteligíveis.
domingo, fevereiro 12, 2012
A beleza do dia
Hoje o céu está azul.
Uma nuvem passa lentamente no céu.
Os pássaros voam por todos os lados.
Uma criança brinca na areia.
A natureza está feliz.
As árvores dançam com o vento.
As flores soltam um perfume suave.
Mesmo assim as pessoas andam apressadas.
Elas não percebem a beleza do dia.
Então para que o dia está bonito?
Por que as pessoas não veem esta beleza?
O que é a beleza do dia se ninguém presta atenção?
É verdade que a beleza está nos olhos de quem vê?
Não tem problema.
O dia vai continuar bonito.
As pessoas podem não ver esta beleza.
Mas a natureza é muito sábia.
Toda sua beleza é sinal de vida.
E a vida das pessoas faz parte desta beleza.
Só existe beleza enquanto existe a vida.
Uma nuvem passa lentamente no céu.
Os pássaros voam por todos os lados.
Uma criança brinca na areia.
A natureza está feliz.
As árvores dançam com o vento.
As flores soltam um perfume suave.
Mesmo assim as pessoas andam apressadas.
Elas não percebem a beleza do dia.
Então para que o dia está bonito?
Por que as pessoas não veem esta beleza?
O que é a beleza do dia se ninguém presta atenção?
É verdade que a beleza está nos olhos de quem vê?
Não tem problema.
O dia vai continuar bonito.
As pessoas podem não ver esta beleza.
Mas a natureza é muito sábia.
Toda sua beleza é sinal de vida.
E a vida das pessoas faz parte desta beleza.
Só existe beleza enquanto existe a vida.
quinta-feira, janeiro 26, 2012
sábado, janeiro 21, 2012
Ante a obra escrita
Escrevo
para dar-me o direito de esquecer
Releio
e me surpreendo ainda uma vez mais
para dar-me o direito de esquecer
Releio
e me surpreendo ainda uma vez mais
sexta-feira, janeiro 20, 2012
quinta-feira, janeiro 19, 2012
quarta-feira, janeiro 18, 2012
quinta-feira, janeiro 12, 2012
sábado, janeiro 07, 2012
quarta-feira, janeiro 04, 2012
Reminiscência
Busco solitário entre as sombras
tua lembrança fugidia
algo que me conforte
quando não estás mais ao meu lado
Algo me falta
me atormenta noite e dia
conto as horas
em cada rosto da multidão
Por onde vagueiam teus passos?
Em que paragens descansam teus sonhos?
adormeço em meu desejo
para sonhar-te uma vez mais
Quem ama perde o direito de estar sozinho.
A solidão é sempre a lembrança de alguém.
Quero tudo contigo,
pois só te quero a ti.
Por que, quando estás comigo,
fecho os olhos para te ver melhor?
A realidade é o que me falta
no devaneio estou contigo
se abro os olhos: é só tua ausência
na escuridão, quando não vejo,
é que estás comigo
Sonho que a aurora
anuncia tua chegada
Por isso peço que cada sol poente
leve o recado de minha espera por ti
Quem ama perde o direito de estar sozinho.
A solidão é sempre a lembrança de alguém.
Quero tudo contigo,
pois só te quero a ti.
Bilhete
Cheguei atrasado à estação
porque minha dor se mudaria em loucura
ao ver-te partir me atiraria a teus pés
mesmo sabendo agarrar-me somente à tua sombra
Deixei-te um bilhete malvado
para cumprir meu desejo final
em cada curva de teu caminho
estas palavras te atormentarão
Espero calado nesta estação
que cumpras tuas juras de amor
porque embarco nesta viagem
em busca de remédio
para curar minha dor
Se ao parar em outra estação
teu olhar se atrever voltar atrás
muda o rumo de teu destino
porque nem tudo que é teu está contigo
E assim em cada parada
tua viagem seja teu maior desatino
que leves na lembrança nesta tua estrada
cada cravo e dormente
arrancados de nossos trilhos
Hoje tua partida se esfumaça
na penumbra de minha espera
agora feita esperança
que lá no horizonte
quando estas linhas se cruzem
eu possa te encontrar
domingo, janeiro 01, 2012
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