dos anos passados
retirei da poeira
os álbuns da infância
as anotações da adolescência
os recortes da juventude
os contratos da maturidade
Sobrou-me uma gaveta vazia
como há tempos não a via
não havia tempos como agora,
faxinas da senilidade
Passou-me, o dia,
como a água que move a mó
inveterada em seu leito,
mesclada ao som da roda d'água
Tive prazeres
de reencherem os olhos
desafetos
de franzir-me o rosto
E agora,
antes de dormir,
recoloco a pedra do esquecimento
para repousar a memória
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