sábado, setembro 21, 2013

Ao anjo que me restava

Quando eu nasci
os anjos pareciam não estar mais
O último que me restava disse
Vai Adriano, ser o que é,
torto assim mesmo

As horas eram rotas
os caminhos descompassados
E no chão sôfrego daquela história
não importava a dor de sola
tinha que pôr o pé no chão

E como os dias se sucedem,
como os fatos se sobrepõem,
viver era a paga
de um destino chamado existência

Mas aos poucos eles se arrependeram,
um e outro iam voltando
Embora tivessem as asas tortas
o que valia mesmo era seu regresso

Aprendi que quase toda oferta
não nasce para ser recusada
As bocas maldizentes do passado
engoliam suas desesperanças banhadas de crença
juntamente com sonhos sem asas

Agora o que adiantava
era dar mão aos de asas tortas
e deixar a vigência do dia
curar as lamúrias mal sonhadas da noite

Nada era devagar
nada passa devagar
Tudo se gastava devagar
Todos se cansavam de vagar

Foi então que descobri
que anjo que é anjo,
anjo mesmo,
nem sempre carece ter asa

Porque desrumados,
do jeito que andamos,
asa não é tudo
pra quem tem pé no chão

E enquanto esta terra que piso
pedir para ser caminhante
não importa primeiro
o que os outros são no caminho
caminhante, eu sou

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