sábado, setembro 13, 2014

A dúvida

A dúvida é o pior de todos os demônios

Porta fechada
num corredor escuro
acesso espinhoso
passos no ar

Achas que me revelo
imagino conhecer-te
teus desejos me surpreendem
quando meus desejos inverto

Nos entregamos por um momento
sucumbimos ao contato
mas espalhamos pelo vento
as sensações de nosso afeto

Quem mais de nós
se escondeu?
Quem mais de nós
encarnou a personagem?

Fingimos a poesia de um abraço
suportamos mazelas recíprocas
sinceridade à conveniência
escambo de tolerâncias

Quem de nós
foi natural?
Quem de nós
perdeu-se no artifício?

Maquiamos as suspeitas
e nos entregamos estes mapas
as coordenadas são verdadeiras?
o tesouro vale a busca?

A dúvida é o pior dos destinos


Vinhedo, 06-09-2014

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