quinta-feira, junho 04, 2015

Fibra lamentosa



A madeira chora
a madeira vibra
a madeira cobra
a envergadura da fibra

Lágrimas de humo
lágrimas sem rumo

Dádivas de perfume e incenso 
a cada broto penso 

Às cascas,
às fibras
resta o premio do abraço

O entretém da fala



Sigo teus passos
nos labirintos de tuas palavras

Uma escuta, 
uma espera

E uma força 
de compreender-te

Ilusão deste lado de fora
que entretém-nos pelos mistérios de dentro

De gêneses e ausências



Ainda que me faltem os versos
ainda que me faltem as rimas
ainda que me sobrem estercos
ainda que me sobrem aspirinas

Ainda assim respirarei
ainda assim irei adiante
ainda assim abrirei os olhos
ainda assim sofrerei este poema

Mensageiro



Chamo-te ao longe
porque te quero perto

Grito teu nome ao vento
até que me olhes nos olhos

Trago-te a mensagem
a cada trago que fumas

Esperam por ti
lá na esquina da vila

Esqueça o que fazes
o tempo pranteia

Folhas ressequidas



Pela parede do teatro
pelas ranhuras do quarto

Pela fresta da porta
pelas beiradas da janela

Pelo canto do salão
pelos fios do violão

Pelo meio do corredor
pelos seixos do jardim

Espalharei tuas folhas ressequidas
como espalhastes as dores pra mim

Ao céu



Alçarei os braços
às longuras do céu

Não importa a distância
contenta-me a ação

E verei meus dias mais amenos
abraçando-me às noites 

O céu será o limite
até arrancar-me do chão

Entre sombras



Mar de luzes 
revolto nas sombras

Veleiro iniciado
na arte das ondas

Sonhar é navegação
nas águas turvas da imaginação

Nesta Terra de Quebra-em-nós-a-cruz

Todo esse fogo alastrado terá um efeito repetido   Deixará os ricos mais podres os pobres mais puídos   Pagaremos caro no mercado ganharão a...